quarta-feira, 9 de março de 2016

Manifestantes desocupam a sede do governo do ES

CUT, MST, MPA e feministas ocuparam o prédio nesta terça-feira (8).
Ato durou 8 horas e acabou após grupo agendar reunião com governador.

A sede do governo do Espírito Santo foi desocupada pelos manifestantes após 8 horas de negociação, por volta das 23h07 desta terça-feira (8). Membros de movimentos sociais como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Movimento Sem Terra (MST), do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e do Fórum de Mulheres do Espírito Santo participaram do ato.
A CUT, o MST e o MPA questionam o funcionamento irregular de escolas em assentamentos no interior do estado. O Fórum de Mulheres fez, pela manhã, dentro do 'Bloco das Feministas na rua contra o machismo, o racismo e o capital', uma passeata pelas de Vitória pedindo direitos iguais, no Dia Internacional da Mulher. Os grupo disse que apoia as reivindicações dos outros movimentos e, também, ocupou o Palácio Anchieta.
A organização do movimento estimou que 2 mil pessoas participaram da ocupação do Palácio Anchieta. A Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) foi procurada pelo G1 e ainda não se manifestou sobre a estimativa da Polícia Militar.
Negociações
Os manifestantes negociaram com o secretário da Casa Civil, Paulo Roberto Ferreira, e outros representantes do governo, na noite desta terça-feira. O governador Paulo Hartung não participou do encontro.
Segundo Paulo Roberto Ferreira, a negociação foi tranquila e não houve depredação nas dependências do Palácio Anchieta.
"A negociação exigiu muito equilíbrio e muita tranquilidade. Eles conquistaram a agenda com o governador no dia 28 de março. O pleito principal está focado nas escolas de assentamento. O Governo está analisando todas as pautas e inclusive já houve avanços na construção de barragem", contou o secretário.
A reunião com os movimentos sociais presentes na ocupação foi marcada para o dia 28 de março, às 14h no Palácio Anchieta.

Uma outra reunião está marcada para a sexta-feira (11) entre membros dos movimentos sociais e o secretário da Educação, Haroldo Rocha. Será discutida uma proposta de diretrizes para a pedagogia de alternância.
Ocupação no Palácio Anchieta, em Vitória (Foto: Ricardo Vervloet/ A Gazeta)Ocupação no Palácio Anchieta, em Vitória (Foto: Ricardo Vervloet/ A Gazeta)
MST
Integrantes do Movimento Sem Terra (MST) que participam da ocupação na Secretaria de Educação (Sedu) reivindicam "providências do Governo contra o fechamento de escolas estaduais e pela garantia da pedagogia da alternância adotada nas Escolas de Assentamento".
A ocupação no estacionamento da Sedu dura mais de 20 dias. A representante do setor de Educação do MST, Roni Mara Martins Lima, pontuou alguns dos pontos de discussão.
"Em relação à Educação, não queremos o fechamento das escolas do campo e queremos o reconhecimento da pedagogia da alternância nas escolas de assentamento em tempo integral. Também tem a questão da seca, que nesse tempo o governo não apresentou nenhum projeto para os camponeses. Também queremos discutir a obtenção de crédito, a reforma agrária, entre outros pontos", explicou.
Manifestantes dentro do Palácio Anchieta (Foto: Vitor Vogas/ A Gazeta)Manifestantes dentro do Palácio Anchieta (Foto: Vitor Vogas/ A Gazeta)
MPA
O Movimento do Pequeno Agricultor (MPA) reforçou que a ocupação tem duas reivindicações centrais: além do fechamento de escolas na zona rural, tem a falta de ajuda do governo para os agricultores que estão sofrendo com a seca.
De acordo com o MPA, um grupo continuava na Sedu, enquanto o outro ocupava o palácio. Ainda segundo o movimento, em novembro foi entregue uma pauta para o vice governador e um pedido de reunião com o governador.

Desde então, a reunião com o governador não foi agendada. De acordo com o MPA, mais de 50% da produção foi perdida por causa da seca e em muitas regiões já não existe mais água para a irrigação.

Além das pautas locais, os manifestantes também ocuparam o palácio para protestar contra a contaminação do Rio Doce pela lama da Samarco e contra as mudanças no sistema previdenciário, que segundo eles, afeta diretamente os trabalhadores do campo.
Manifestante dentro do Palácio Anchieta (Foto: Wagner Martins/ TV Gazeta) 
Manifestante dentro do Palácio Anchieta
(Foto: Wagner Martins/ TV Gazeta)

Professores
O Sindicato dos Trabalhores da Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes) também realizou uma caminhada contra fechamento de escolas estaduais, nesta manhã.
Os grupos se encontraram e seguiram para a sede do governo.“O objetivo era ir até o Palácio entregar um documento pedindo políticas públicas relacionadas às mulheres e, principalmente, à área da educação. Uma equipe do governo ia receber representantes de cada entidade para conversar, mas aí algumas pessoas decidiram invadir. Os seguranças não deram conta”, disse Noêmia Simonassi, presidente da CUT e diretora do Sindiupes.
Ocupação
De acordo com uma das organizadoras do 'Bloco das Feministas na rua contra o machismo, o racismo e o capital', Sophia Rosa, a ocupação foi protagonizada pelo MST e Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), mas apoiada por integrantes dos demais movimentos.
Movimentos sociais ocupam o Palácio Anchieta (Foto: Patricia Scalzer/ CBN Vitória)Movimentos sociais ocupam o Palácio Anchieta (Foto: Patricia Scalzer/ CBN Vitória)
“A construção do movimento neste 8 de março foi conjunta entre várias entidades. A ocupação em si partiu do MST e MPA, que já estavam acampados na Sedu e faz parte de maus um processo de mobilização desses movimentos, Nós nos juntamos à luta para fortalecer o movimento”, disse.
Governo do estado
Segundo informações, o governo do estado disse à rádio CBN que já sabia, desde cedo, que os manifestantes fariam passeata da Sedu até o Palácio e formaram uma comissão para recebê-los.
Por volta do meio-dia, quando a solenidade do Dia das Mulheres estava terminando, os manifestantes chegaram e forçaram a entrada.
Durante a tarde, o clima no local foi de tranquilidade, segundo a reportagem da CBN. Os manifestantes aguardam o fim da reunião e a Polícia Militar acompanha a ocupação à distância.
O coordenador estadual de Direitos Humanos, Júlio Pompeu, disse que o governo está mantendo um diálogo com os manifestantes. "Não há plano nenhum de fechar essas escolas. São 25 escolas e a Sedu não está fechando, está é fazendo processo seletivo de contratação de professores para elas. Então não é essa a questão", disse.
"Sobre a crise hídrica, o governo tem enfrentado. As pautas de reivindicações específicas estão sendo discutidas com o movimento. Nós estamos negociando questão a questão para resolver, não só a questão da ocupação do imóvel, mas também das demandas sociais que estão sendo apresentadas ao governo", continuou Pompeu.
A Sedu informou que diversas reuniões com os integrantes do MST já foram realizadas. A Secretaria se mostrou aberta ao diálogo e, durante a última reunião, propôs um estudo técnico, em conjunto, para regulamentação da pedagogia da alternância.
Um prazo de 45 dias foi estipulado para que a análise seja concluída. "A Sedu mantém todas as 25 escolas que funcionam hoje em assentamentos no Espírito Santo", destacou a nota.
Palácio Anchieta ocupado por movimentos sindicais (Foto: Wagner Martins/ TV Gazeta)Palácio Anchieta ocupado por movimentos sindicais (Foto: Wagner Martins/ TV Gazeta)

 

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